O grande inverno
"O inverno que não pára..." dizia-me um construtor a semana passada, quando lhe questionei sobre o início de outras obras pendentes. "Não consigo sequer entrar com uma máquina no terreno, de tanta água que tem..."
"Não tenho batatas, não tenho favas, não tenho nada!..." dizia-me ontem uma cliente, já de idade avançada, a meio de uma conversa de "onde quer implantar a sua casa? quer um jardim deste lado ou daquele?..." saiu também o tema do excesso de água nos solos, que nem as sementes vingaram, nem conseguem preparar as terras.
No passado domingo, dia da mãe, fui com a minha filha e a minha mãe (só nós três) passear de carro... fomos até São Martinho do Porto, uma das minhas praias preferidas (não pela areia, nem pela qualidade da água, mas pela sua paisagem, pela sua tranquilidade,... pelo seu silêncio), andámos a pé, lanchámos, apanhámos um pouco de chuva e vento, mas também um bom solinho. A Margarida brincou nas poças de água morna pelo sol, já que no mar estava gelada. A felicidade estava na sua face, mas que feliz ela estava. Altou! Gritou! Riu!
No regresso, seguimos no sentido da Nazaré, devagarinho, contemplando a paisagem que nos brinda esses caminhos. Rumo aos campos do Valado dos Frades (campos de agricultura que abastecem os mercados)... e... que triste é de ver que não há um campo cultivado. Com ervas altas, com ar de abandono, e poças de água gigantes, e o sinal de que não houve como cultivar estes hectares de campos. Vamos ter falta de vegetais? pois vamos.
A chuva faz-nos falta sim, necessitamos dela para viver. Tudo à nossa volta não existe sem água, é certo.
Mas tem criado constrangimentos a muita gente...tem.