Realmente a nossa mente é muito complexa.

Realmente eu não me entendo a mim própria.

Realmente... preciso de me tratar.

Houve um post que falei de vestir a cor preta, que tem alturas que só essa cor me faz sentir bem, me faz sentir profissional, me faz sentir capaz de...

Estas ultimas semanas, o preto dentro do roupeiro não me atraiu. O preto... não me vinha às mãos, como que uma espécie de força maior que o impedia (exagero eu sei). Mas, houve alguns dias que não fui capaz. Um dia pensei... que raio, gosto tanto porque não? e vesti, calça preta, camisola preta... e saí de manhã para levar os miudos. parei para beber café, apanhar um pouquinho de sol, comprar o pão, e regresso a casa. Sem explicação (eu não tenho), mudei de roupa. Na minha mente o pensamento foi... "vou trocar de roupa para algo mais confortável, pois vou ficar por casa a trabalhar... não tenciono sair"... mas a realidade é que a roupa preta também era confortável.

Ainda vou ter de me "perceber" nestas coisas parvas.

Ainda vou estudar a mente humana, ou as ciências ocultas que nos movem... sei lá eu.

Todos temos esta mesma sensação, de que a vida vai em "velocidade cruzeiro", com alguma turbulência no meio.

Ainda mal consigo escrever a data sem ter de pensar bem... "em que ano estamos?... e o mês?", e de repente estamos em maio. Como pode ser? porque será que não damos pelo tempo passar? porque será que o dia/mês/ano passa tão, mas ttãããooo rápido?

Apercebi-me disso ontem, num dos trajetos profissionais de um local para outro, e de outro para mais outro, que as estradas estavam cheias de peregrinos. Vivo numa pequena cidade, e em redor é um meio rural, e passei por várias estradas do concelho e em quase todas, encontrei uma carrinha parada para apoio a peregrinos... e muito, mas muitos coletes amarelos pelas bermas, apoiados a maioria por pau (a servir de bastãod e caminhada). Passado o primeiro grupo, ia eu ainda em piloto automático com e mente focada na gestão de tudo o que tinha para fazer (30 minutos aqui, depois mais 20 de caminho até ao outro cliente, e mais cerca de 1h e tal, e controlar horarios para almoços, etc), veio um pequeno pensamento, no meio de tantos, mas estamos em que mês? Numa outra estrada, mais uma carrinha, mais um "comboio" de peregrinos... em frente ao Mosteiro, uma outra carrinha e muitos coletes amarelos pelas esplanadas...e eu... mas estamos em maio? mas o que haverá este fim de semana em Fátima? ...

Pois, estamos a chegar a maio, sim...

Foi um misto de pensamentos... tanto para fazer e já passou tanto... tenho um problema matemático na minha vida, está visto! Sempre muito, sempre tanto, sempre a somar... credo!

Gostava de tirar um ano sabático!... pelo pouco que fui ler sobre o assunto, tem tudo a ver comigo... só que não.

Tanto...

Esta palavra tem medida? tem quantificação? o que é "tanto"?

... é muito? muito para uns, pode ser pouco para outros... 

... é demasiado? nunca nada é demasiado... ou o que demasiado para uns, é pouco para outros...

O que quer dizer esta palavra "tanto"?

Depende do contexto da palavra. Depende da pessoa que a usa. Depende da "coisa" a que nos referimos.

Gosto tanto de morangos!... gosto muito...

Gosto tanto de passear!... sinto-me bem a passear...

Gosto tanto de ti!... gosto muito... é dificil entender a que corresponde esta medida não é? É dificil qantificar... eu diria até impossível.

Cientificamente e matematicamente, conseguimos quantificar o "tanto". Em 10 casas... tens "tantas" casas... em 100 amigos... tens "tantos" amigos. Matematicamente falando, tanto é uma quantidade acima da média.

Sentimentalmente... não há como. Mas é bom saber que alguém (seja amigo, ou familiar, ou colega, ou o que for) gosta "tanto", mesmo que esse "tanto" não seja mais que o "muito". 

Obrigada por gostarem "tanto" de mim. 

Hoje foi dia de mais uma ida ao Hospital com a princesa. Nada se passou, apenas consultas pós-curirgicas de controlo. Tudo está bem, tudo vai ficar bem...

Mas, esta semana foi um pouco estranha, por tudo... por não ter como trabalhar, para dar apoio e vigiar a menina (nunca ela coloque algo na boca, nunca ela tropece, nunca ela me distraia e acontaça algo menos bom para ela), mas por ter recebido a notícia, tardia, da morte de uma mulher da minha idade, com quem não convivia de perto, é certo, mas o companheiro fez parte da minha juventude (eramos um grupo de motards onde eu andava à pendura do meu namorado da época, como é lógico). Ele, o companheiro, é uma pessoa boa. Eu sei que se diz sempre isso, mas é verdade, é das poucas pessoas da minha juventude, com quem tenho uns bons minutos de conversa quando nos cruzamos (normalmente em contexto profissional... fazendo ele parte de uma empresa de construção). Lembro-me da última vez que falámos sobre a sua namorada/companheira... não passou mais de 2 anos, mas lembro-me tão bem! Aquela conversa ficou sempre na minha cabeça, até hoje. Tinha-me contado que a companheira (que lutava contra um cancro à alguns anos) teria recebido diagnóstico recente, após um longo tratamento no IPO... que em vez de diminuir, o "sacana" tinha aumentado e multiplicado. As palavras que me chocaram e nunca mais esquecerei... "sabes.. o médico diz que está do tamanho de um telemóvel.. e são mais do que um..." estas palavras, durante estes 2 anos, vinham-me à memória várias vezes... do nada.

No passado 31 de março, foi vencida... Caraças de Vida!!! Tantos anos a sofrer!!!! (penso que se não foram perto de 10, não falharei muito)... Que INJUSTIÇA.

Soube meramente por acaso, na terça feira, em troca de mensagens de trabalho com uma prima dele... que se acabava de desculpar pelo atraso de um trabalho, devido ao funeral da Sílvia.... WHAT? Caiu-me tudo.....

Era tarde, eu estava a trabalhar no computador... e... acabou por ali.

Construiram uma casa ao longo destes anos, estava concluída a alguns, e nunca lá viveram, nunca era oportuno a mudança... acontecia sempre alguma coisa.

Reclamamos tanto da vida! Cobramos tanto dos outros! Exigimos tanto de nós...

Para quê? Não sabemos saborear a VIDA e o que de bom ela nos dá... nem que seja um simples café, sentada numa esplanada, sem pressa... A Vida é tão Boa! À que lhe dar os eu devido valor.