(In)Satisfação de clientes
Hoje foi um dia diferente. Um dia de colocar toda a energia a funcionar.
Já à uns dias, recebi um telefonema de uma colega arquiteta, pois tinha um casal de estrangeiros (ele um alemão de alguma idade, mobilidade condicionada, ela uma brasileira relativamente mais nova) no seu gabinete a pedir ajuda imobiliária. "já cá estiveram à um ano atrás... mas não dei importância, pois não são os primeiros a entrar pela porta dentro, achando que nós "também" trabalhamos no imobiliário...", disse ela numa primeira abordagem... "mas eles voltaram este ano, e desabafaram sobre a desilusão que têm tido com outros profissionais (ou não) da área..."
Depois de algumas trocas de mensagens, houve uma "pressão" da parte deste casal, porque iriam embora no dia seguinte, e queriam conhecer-me, e se possível, visitar um primeiro imóvel.
Confesso que fiquei desconfortável, não gosto desta pressão, fico ansiosa, sem controlo do meu tempo (que tanto estimo). Por sorte, convidei um colega se queria ir comigo, o qual aceitou e organizou a visita ao dito imóvel. Numa primeira parte, ainda à procura dos clientes, supostamente num café indicado, mas que afinal ainda estavam a almoçar, numa outra zona distinta da cidade, o meu colega a dar-me "recados", a stressar pelos minutos a passar, a reclamar pela falta de coordenação dos clientes.... "como é que alguém lhes consegue dar acompanhamento!? assim?... claro que não dá!... ninguém perde tempo com eles.... blá blá blá"...
Era mesmo o que eu precisava ouvir! Aceitei esta visita sem qualquer vontade ou motivação. Se não houvesse um colega para me acompanhar, eu iria inventar alguma desculpa/ imprevisto e teria desmarcado. Não estava com espírito de ir conhecer clientes novos, desiludidos, com péssima impressão deste serviço, de dois pés atrás, a jogar em tudo à defesa... não era dia de conseguir. Este tipo de clientes já desmotivado, não é fácil de criar empatia.
...O meu colega a criar ainda mais desconforto, a criar mais desânimo, a criar mais vontade de ir embora e desistir...
Há dias difíceis, há dias menos bons, há dias em que parece que acordamos com uma nuvem negra em cima de nós. Há dias em que se pudéssemos, não falávamos com ninguém... muito menos ter de disfarçar e mostrar que "está tudo bem", "sou boa profissional", "confiem em mim"... ter de transmitir tudo do melhor, quando estamos no tudo do pior.
Já em casa, com o telefone entre o ombro e o ouvido, a devolver chamadas perdidas, a tentar ouvir as conversas com atenção, receber recados para ainda esta noite resolver, preparar os legumes para a sopa... a miúda a gritar porque sim... mais 2 chamadas em espera (perdidas para devolver). UI. SOCORRO!
Se correu bem? Se os clientes ficaram com boa imagem de nós? Não faço ideia. Veremos.